terça-feira, dezembro 12, 2006

"Swell!"



The Maltese Falcon é comummente aceite como sendo o primeiro film noir da história do cinema. É com ele que nasce um paradigma seguido por vários outros realizadores. Ainda hoje podemos ver reminiscências do noir.

Com Boggart, nasce a figura-tipo do detective que procura resolver um caso misterioso, influenciado por uma, ainda que ténue, femme fatale (Mary Astor), aparentemente ingénua mas que acaba por envolvê-lo tanto no caso como com ela. Eventualmente chegar-se-á a uma traição e a um ajuste de contas final que deixará o espectador respirar, finalmente, de alívio. No entanto, até então, nunca nenhum filme mostrara tão explicitamente homicídios brutais, tensão sexual, etc. Apesar de dar uma certa continuidade ao filme de gangsters e ao policial, o noir pode ser considerado uma categoria fílmica mais “dura” tanto por aquilo que mostra como pelo que sugere.

Iconograficamente é inovador. De repente, tudo e todos têm uma sombra! A iluminação é feita de modo a que longas sombras, tanto de objectos como de pessoas, sejam projectadas, o chiaroscuro é implementado. Os ângulos da câmara variam bastante mais, havendo alguma preferência pelos picados e contra-picados. Também temos exemplo de um plano subjectivo de Sam Spade.

Em termos de texto, os diálogos, sem floreados, incisivos, por vezes de duplo sentido, quase se sobrepõem uns aos outros a um ritmo vertiginoso.

Baseado numa obra de Dashiel Hammet, The Maltese Falcon não distingue claramente o bem do mal, como se do antagonismo entre o negro e o branco surgisse, muito simplesmente, o cinzento.

No entanto, a voz-over é ainda inexistente e a femme fatale, afinal, necessita de maior projecção.

Cláudia Morais